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sábado, 11 de abril de 2009

MARES NUNCA D' OUTREM NAVEGADOS

(Cabo Sardão -Alentejo- Portugal)

Escrever sobre o Alentejo sem nunca ter estado em Portugal, como seria isso possível? Seria como falar do outono de New England sem nunca ter visto , in loco, as tonalidades das folhas nessa especial estação. Ou como falar dos ursos que em nosso inverno nunca vieram hibernar.

(Monsaraz-Alentejo-Portugal)

E no entanto falamos. E como poetas, cantamos, em nosso ritmo próprio, tantos as paisagens que nos são peculiares, tão nossas, como as que são de outros. Cantamos nossas montanhas, se as temos, nossas planícies, se as desbravamos, nossa gente com quem convivemos. Mas também divagamos por longos desertos que nunca percorremos, por galáxias que jamais viremos a conhecer: os tais 'mares' nunca d'outrem, nunca d'antes, navegados.

Especialmente quando escrevemos sobre o nosso e outros mundos, é o espaço mítico que criamos, a alma apossando-se da geografia própria, ou alheia, para transformá-la em símbolos, em matéria de sonho.

(Evoramonte-Aentejo- Potugal)

Um alentejano poderia escrever sobre Minas sem nunca minha região ter visitado. Eu o entenderia: o imaginário não se limita ao tempo-espaço, tem a sua característica dinâmica por onde transita todo o universo.

O mito é recorrente, eterno, ultrapassa o homem. Independente, caminha com as próprias, teimosas, pernas, é de todos, e ainda não se fixa,
não é prerrogativa de ninguém.


Fernando Campanella

*Imagens de Aletejo, Portugal, retiradas da Net.

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