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sábado, 31 de dezembro de 2011

Último comentário do ano, dedicado a essa grande personalidade que foi, SIMON WISENTHAL - que faria hoje 110 anos.

(Buczacz, 31 de dezembro de 1908 — Viena, 20 de setembro de 2005)

"Sou dedicado ao meu trabalho pelo privilégio de estar vivo"

Simon Wisenthal


Uma das personalidades mais importantes de nosso tempo, Simon Wiesenthal dedicou sua vida a documentar com tenacidade e persistência os crimes do Holocausto e a desmascarar e entregar à justiça os criminosos de guerra ainda livres.



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Fundador do Centro Judaico de Documentação, em Viena, ajudou a capturar cerca de 1.100 criminosos de guerra nazistas, entre eles Adolf Eichmann, o carrasco que planejou o extermínio dos judeus.



Wiesenthal recebeu mais de uma centena de prêmios e condecorações, entre os quais a “Medalha Presidencial da Liberdade”, maior condecoração civil dos Estados Unidos, oferecida por Bill Clinton, em 2000; e o “World Tolerance Award”, outorgado para premiar seu compromisso com a justiça, a tolerância e a paz.



Também foi homenageado por movimentos de resistência de vários países europeus, recebeu “Medalhas da Liberdade” na Holanda e em Luxemburgo, e a Medalha de Ouro do Congresso americano. Foi nomeado Cavalheiro da Legião de Honra, na França, e seu trabalho em prol dos refugiados foi reconhecido pelas Nações Unidas.



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Sua vida

Simon Wiesenthal nasceu em 31 de dezembro de 1908, em Buczacz, na Galícia, então parte do Império Austro-húngaro, hoje Lvov, na Ucrânia. Recusado pelo Instituto Politécnico de sua cidade natal pelas cotas restritivas a alunos judeus, fez seus estudos na Universidade de Praga, onde se formou em Arquitetura, em 1932.



Em 1936 casou-se com Cyla. Trabalhava, então, em um escritório de arquitetura. Em 1939 a Alemanha e a União Soviética assinaram um pacto de não-agressão mútua e dividiram entre si a Polônia. O exército russo ocupava Lvov, promovendo as famosas purgas dos elementos “burgueses”: especificamente dos comerciantes, pequenos industriais e outros profissionais judeus. Seu padrasto foi preso e morreu na prisão; seu meio-irmão foi baleado; ele perdeu o trabalho e tornou-se mecânico em uma fábrica de molas para camas. Wiesenthal salvou-se e à sua família da deportação para a Sibéria subornando um comissário de polícia.




Quando em 1941 os alemães ocuparam Lvov, ele e Cyla foram enviados a um campo de trabalhos forçados, cujos prisioneiros cuidavam da manutenção da rede ferroviária. No ano seguinte, a máquina terrível do genocídio nazista estava em pleno andamento e Simon e Cyla haviam perdido 89 membros de sua família, entre eles a mãe de Simon. O tipo físico de Cyla – loira de olhos azuis – permitia que ela passasse por ariana, e Simon fez um acordo com a resistência polonesa: trocou mapas ferroviários detalhados, feitos por ele mesmo, por documentos falsos e um salva-conduto de saída do campo para a mulher, que passou a viver em Varsóvia como “Irene Kowalska”.



Ele conseguiu fugir em 1943, mas foi recapturado no ano seguinte e enviado novamente ao campo de Janovska. Com o avanço do Exército Vermelho, para evitar que fossem enviados ao front, as SS decidiram manter vivos os 34 prisioneiros que ainda restavam dos 149 mil que havia inicialmente no campo. Durante a marcha de retirada rumo ao Ocidente, que passou pelo campo de Buchenwald e terminou em Mauthausen, no norte da Áustria, pouquíssimos prisioneiros sobreviveram.




Quando, em 5 de maio 1945, o campo de Mauthausen foi libertado pelos americanos, Simon pesava menos que 50 quilos. Assim que recuperou suas forças, começou a reunir provas das atrocidades cometidas pelos nazistas para a seção dos crimes de guerra do exército americano. Além desse trabalho, dirigia o Comitê Judaico da Áustria, uma organização assistencial beneficente.


No final de 1945, Simon e Cyla se reencontraram e se reuniram novamente, após anos acreditando que o outro morrera. Um ano depois, nasceu sua filha Pauline.






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Pesquisa: Site Morashá.
Fotos: Internet



Morto aos 96 anos, foi sepultado em Israel, por decisão da comunidade hebraica internacional.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Fotografia de Warllen Silva


Vencedor do premio' Wedding Awards 2011'
Subcategoria: vencedor(a)/fotógrafo(a):
*Emoção: Warllen Silva.


*Clique na fotografia para visualiza-la em tamanho grande.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Poema de NELLY SACHS


TERRA DE ISRAEL

Não cantos de luta vos vou eu cantar
Irmãos, expostos ante as portas do mundo.
Herdeiros dos salvadores da luz, que da areia
arrancaram os raios enterrados
da eternidade.
Que nas mãos seguraram
astros cintilantes como troféus de vitória.

Não canções de luta
vos vou eu cantar
Amados,
só estancar o sangue
e as lágrimas, que gelaram nas câmaras da morte,
degelá-las.

E buscar as lembranças perdidas
que rescendem proféticas através da Terra
e dormem sobre a pedra
em que os canteiros dos sonhos enraízam
e a escada da nostalgia
que ultrapassa a Morte.

(in Poemas de Nelly Sachs, tradução de Paulo Quintela, Portugália editora, 1967 - original de Terra de Istrael / Land Israel, 1951)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Henryk Szeryng


Henryk Szeryng (Żelazowa Wola, 1918 - Kassel, 1988) foi um renomado violinista, pedagogo, filantropo e diplomata judeu, da Polônia, tendo-se tornado mais tarde cidadão mexicano.

Era filho de um rico industrial, e com três anos já começava a ter lições de piano de sua mãe. Com sete anos escolheu o violino como seu instrumento. Seu primeiro professor foi Maurice Frenkel. Deu seu primeiro concerto em 1933, que teve tão grande sucesso que imediatamente foi contratado para uma tournée mesmo sendo ainda um estudante. Ouvindo-o nesta ocasião, Bronislaw Huberman recomendou que se aperfeiçoasse com Carl Flesch. Mais tarde continuou seus estudos com Jacques Thibaud e Gabriel Bouillon no Conservatório de Paris, recebendo o Primeiro Prêmio em 1937, o que o inseriu definitivamente na escola francesa de violino. Também estudou composição com Nadia Boulanger, e através dela conheceu figuras importantes como Heitor Villa-Lobos, Alfred Cortot, Manuel Ponce, Igor Stravinsky e Maurice Ravel.


Na II Guerra Mundial foi alistado pelo governo polonês no exílio como oficial de ligação e intérprete, dando mais de 300 concertos para as tropas aliadas na Europa, África e América. Em 1942 encontrou-se com o premier polonês, refugiado no México, que buscava asilo para mais de 4 mil poloneses. Sensibilizado pela acolhida mexicana aos refugiados, voltou ao México em 1943, quando o governo local lhe ofereceu o posto de diretor do departamento de cordas da Universidade Nacional do México, a fim de que reorganizasse a escola mexicana de violino. Por seu trabalho cultural recebeu a cidadania mexicana em 1948, foi indicado em 1956 como Embaixador da Cultura, e em 1970 Conselheiro Musical Especial da delegação permanente do México junto à UNESCO, sendo o primeiro artista a viajar com passaporte diplomático. Dominava oito idiomas.


Foi um dos violinistas que mais deixaram gravações. Redescobriu a partitura do terceiro concerto de Paganini e foi o primeiro a registrá-lo em disco. Diversos compositores escreveram peças para ele, incluindo Manuel Ponce, Camargo Guarnieri, Xavier Montsalvatge e Julian Carrillo. Seu repertório ia de Bach até os contemporâneos. Recebeu vários prêmios por suas gravações, entre eles o Grand Prix du Disque (seis vezes), o Grammy Award, o Wiener Flötenuhr, o Prêmio Edison e o Golden Record. Entre os títulos recebidos se contam a Ordem Polonia Restituta da Polônia, o grau de Comendador da República Italiana, o de Oficial da Coroa da Bélgica e da Legião de Honra da França, o de Comandante da Ordem de Alfonso X o Sábio, da Espanha, e da Ordem de São Carlos, de Mônaco.

Seus instrumentos também eram célebres, e os doou quase todos, retendo apenas o Guarnerius Leduc e o Pierre Hel 1935, uma cópia do Guarnerius Le Roi Joseph. Possuiu o Stradivarius Hercules que pertencera a Eugene Ysaye, e depois o doou à cidade de Jerusalém para que fosse usado nos concertos da Filarmônica local; doou seu Stradivarius Villaume, uma cópia do Stradivarius Messias, ao príncipe Rainier III de Mônaco, e seu Guarnerius Sancta Theresia foi dado de presente à cidade do México, e outros instrumentos foram deixados para seus alunos.

Henryk Wieniawski


BRIEF BIOGRAPHY

Henryk Wieniawski was born on 10 July 1835 in Lublin. Wieniawski owes his early introduction to the world of music to his mother, Regina, a professional pianist and the daughter of a Warsaw physician. His mother was also the driving force behind his musical training and subsequent development into a violin child prodigy. At the age of five he began violin lessons and three years later was admitted to the Paris Conservatory, overcoming the obstacles of being underaged and of foreign nationality. After completing with gold medal the accelerated course of study at the Conservatory he remained in Paris perfecting his technique under the care of professor Joseph L.Massart. It was then that he met in his mother's Paris salon of the two most famous Polish emigrees: Adam Mickiewicz (poet) and Fryderyk Chopin. Wieniawski's first, somewhat childish,compositions were written during that time (he was thirteen years old).


He returned to the Paris Conservatory and was joined by his brother Josef, where both studied composition until 1850. Wieniawski then embarked upon the unrelenting schedule of concert tours and performances which he was to continue almost throughout his life. While traveling he met Belgian violinist and composer Henri Vieuxtemps; a fellow Pole, Stanislaw Moniuszko, to whom he dedicated Allegro de Sonate op.2; Karol Lipinski, another Polish violin virtuoso and competitor of Paganini; also Robert Schumann and Anton Rubinstein.



The latter was instrumental in securing for Wieniawski a three year contract as the soloist of the court and court theaters in St. Petesburg. Wieniawski's arrangement in St Petersburg was later extended three more times (each time on terms more favorable to the artist) so that he resided there with his family from 1860 until 1872. While fulfilling the terms of his contract he also became involved as a teacher in the Russian Music Society run by his friend Anton Rubinstein and directed a newly founded string quartet. Through these various means he exerted a lasting influence on the development of the Russian violin school. The terms of the contract allowed Wieniawski extensive travel time during the spring and summer when he continued touring Europe on a busy schedule of concerts and social appearances.


In 1872, after his last contract in St. Petersburg had run its course, he resumed the life of the traveling virtuoso with a two-year tour of North America. Upon his return in 1875 he accepted a position of the professor of violin at the Brussels Conservatory but still maintained an extensive calendar of traveling and perfoming engagements. Since his North American tour, which exhausted him, his health continued to deteriorate. He died of an aggravated heart condition on 31 March 1880, in Moscow, in the midst of yet another concert tour. He was forty five at the time of his death.

During his life time he was unquestionably considered "a violinist of genius," an artist of great individuality, intensity of expression, and original technique. The influence of his technique is still evident in the style of some violinists of the Russian School.

The comparatively modest body of compositional work which he left behind attests to the demands of the life of the traveling virtuoso. Compositional forms favored by Wieniawski are consistent with the trends of his times. He composed variations, fantasies, capriccios, larger forms, such as concertos, and smaller lyrical forms (also called pieces de salon) - elegies, reveries, miniatures . In most of his early compositions, including the violin Concerto in F-sharp minor (1853), he put emphasis on technical difficulty and virtuoso effects. They were performance pieces which he composed with himself as a performer in mind. His work from these early years is said to exhibit the various influences of Paganini, Ernst and Vieuxtemps.

Wieniawski's grueling travel and concert schedule obviously interfered with his work as a composer. The relatively stable period of his residence in St. Petersburg (1860-1872) yielded the finest of his compositional works: Etudes-caprices op.18, Polonaise Brillante op.21, and the Second Violin Concerto in D-minor. The latter, a small masterpiece, has become a standard in the violin repertoire. While demonstrating the virtuoso possibilities of the violin technique,the composition is also characterized by Romantic lyricism and passionate melodic expression.

Wieniawski's interest in creating a "national" style of Polish music is evident in the mazurkas and polonaises he continued to compose throughout his career. In those works the influence of Chopin and Wieniawski's own genius produced a singular combination of noble simplicity of melodic line and mature, artistic sophistication. This great virtuoso-composer remains well respected today; in Poland his name is honored by International.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Shana Tova 5772

Um sorriso se faz
olha lá os passos de luz vindo
te abraçar feito azul,
na tua estrada,
tua história,
tua memória,
teu coração.
Bem Vindo
doce abraço
aromas de mel
e maçã.
e o que passou deixa ir
feliz ou não.
Vai nascer um big bang
momento virgem
sair do mar
o sol
a vida
o alimento,
na alma
uma estrela
brilhando
ano novo
chegando.

Aharon

מל

חיוך גורם
נראה במורד המדרגות של אור מגיע
אני מחבק אותך כמו האור,
הדרך שלך,
הסיפור שלך,
הזיכרון שלך,
הלב שלך.
רצוי
מתוקה חיבוק
ארומות של דבש
וגם תפוח.
ומה להרפות עכשיו
מאושר או לא.
ייוולד המפץ הגדול
בתולה רגע
מן הים
השמש
חיים
אוכל,
נשמה
כוכב
מבריק
ראש השנה
הקרובים.

אהרון
De: Nelson Aharon Bibow

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Temple Emanu-El


Em minha breve estadia por Miami Beach, tive a grande satisfação de encontrar esse belíssimo templo judaico, o qual deixo-lhes um pouco de sua história.

In my brief stay in Miami Beach, I was delighted to find this beautiful Jewish temple, which I leave a little of its history.

Temple Emanu-El is a historic synagogue located in the South Beach district of Miami Beach, Florida. It is the oldest and largest Conservative congregation in Miami Beach. The original sanctuary was constructed in 1947 as the "Miami Beach Jewish Center" at a cost of $1 million, with additions for classrooms and a grand ballroom being added in 1966.


It is considered to be one of America's most beautiful synagogues with an impressive Byzantine and Moorish style of architecture, featuring a rotunda building and aluminum dome more than ten stories tall. It is roughly modeled after the Great Synagogue of Oran. The Abraham Frost Sanctuary is capable of holding 1,370 people at maximum capacity, thus making it the fifth largest synagogue in the United States by fixed seating capacity. As of 2011, the senior rabbi is DanielSherbill.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Leonard Cohen


Leonard Norman Cohen (Montreal, 21 de setembro de 1934)
é um cantor, compositor, poeta e escritor canadense.
Embora seja mais conhecido por suas canções, que alcançaram notoriedade tanto em sua voz quanto na de outros intérpretes, Cohen passou a se dedicar à música apenas depois dos 30 anos, já consagrado como autor de romances e livros de poesia.

Leonard Cohen nasceu em Montreal, província de Quebec, Canadá, de uma família judia de origem polonesa (polaca). A sua infância foi marcada pela morte de seu pai quando Cohen tinha apenas 9 anos, fato que seria determinante para o desenvolvimento de uma depressão que o acompanharia durante boa parte da vida.

Aos 17 anos, ingressa na Universidade McGill e forma um trio de música country. Paralelamente, passa a escrever seus primeiros poemas, inspirado por autores como García Lorca.


Em 1956, lança seu primeiro livro de poesia, Let Us Compare Mythologies, seguido em 1961 por The Spice Box of Earth, que lhe conferiria fama internacional.

Após o sucesso do livro, Cohen decide viajar pela Europa, e acaba por fixar residência na ilha de Hidra, na Grécia, onde passa a viver junto com Marianne Jensen e seu filho, Axel.

Em 1963 lança The Favorite Game, sua primeira novela, seguida pelo livro de poemas Flowers for Hitler, em 1964, e pela sua segunda novela, Beautiful Losers, em 1966.

Em 2011 foi o vencedor do Prémio Príncipe das Astúrias das Letras.


Já estabelecido como escritor, Cohen decide se tornar compositor. Para isso, muda-se para os Estados Unidos, onde conhece a cantora Judy Collins, que grava duas de suas composições ("Suzanne" e "Dress Rehearsal Rag") em seu disco In My Life, de 1966.

No ano seguinte, Cohen participa do Newport Folk Festival, onde chama a atenção do produtor John Hammond, o mesmo que antes havia descoberto, dentre outros, Billie Holiday e Bob Dylan. Songs of Leonard Cohen, seu primeiro disco, é lançado no final do ano, sendo bem recebido por público e crítica.

Seu próximo disco, Songs from a Room, seria produzido por Bob Johnston, produtor dos principais trabalhos de Dylan nos anos 60. Embora não tão bem recebido quanto o anterior, contém a canção "Bird on the Wire", que o próprio Cohen disse ser a sua favorita dentre as suas composições. Em 1971, lança Songs of Love and Hate, um disco mais sombrio que os anteriores. No mesmo ano, o diretor Robert Altman, em seu filme McCabe & Mrs. Miller, utiliza três canções de Cohen: "Sisters of Mercy", "Winter Lady" e "The Stranger Song", todas do primeiro disco do cantor.

Um novo livro de poemas, The Energy of Slaves, é lançado em 1972 e, no ano seguinte, o disco ao vivo Live Songs.

Também em 1973, por ocasião da Guerra do Yom Kipur, Cohen faz uma série de shows gratuitos para soldados israelenses. Baseada no poema "Unetaneh Tokef " da tradição judaica, surgiria a canção "Who by Fire", incluída no álbum New Skin for the Old Ceremony, a ser lançado no ano seguinte.


Após o disco de 1974, Cohen decide se afastar do mundo da música, resultado não só de uma confessa falta de inspiração, mas também de sua insatisfação com as exigências do mercado.

Seu retorno se daria em 1977 com Death of a Ladies' Man, produzido por Phil Spector, que foi também o co-autor de quase todo o repertório do disco. O álbum foi marcado por atritos após as gravações, quando Spector se trancou em seu estúdio para o processo de mixagem, não permitindo que nem mesmo Cohen interferisse no resultado final. Por conta disso é até hoje notória a insatisfação do cantor com o disco, o qual classifica como sendo o mais fraco de todos. Em 1978, numa alusão ao álbum do ano anterior, seria a vez do lançamento do livro Death of a Lady's Man.

Em 1979 reaproxima-se do estilo dos seus primeiros trabalhos com Recent Songs, cuja turnê foi registrada no disco Field Commander Cohen: Tour of 1979, lançado apenas em 2001. Entre os integrantes de sua banda de apoio encontravam-se Sharon Robinson, co-autora de várias canções de Cohen a partir da década de 80, e Jennifer Warnes.

Após a turnê, seguiu-se mais um período de reclusão, no qual dedicou-se à escrita e ao estudo do budismo. Só voltaria a lançar novos trabalhos em 1984, com o disco Various Positions e o livro de poemas Book of Mercy. Embora a essa altura sua popularidade nos Estados Unidos estivesse em baixa, sua música ainda fazia grande sucesso em alguns países da Europa como França e Noruega.


Em 1988, retorna com o álbum I'm Your Man, aclamado por crítica e público. Parte dessa boa recepção deve ser creditada a Famous Blue Raincoat – The Songs of Leonard Cohen, disco tributo lançado por Jennifer Warnes um ano antes, que apresentou as canções do canadense a toda uma nova geração de fãs.

Paralelamente, muitos dos jovens músicos ligados ao folk e ao indie-rock da época diziam-se influenciados pelo trabalho do cantor. Parte desses músicos seria responsável pelo disco-tributo I'm Your Fan, lançado em 1991. Dentre estes, destacavam-se R.E.M., Ian McCulloch (vocalista do Echo & the Bunnymen) e Nick Cave and the Bad Seeds.

No ano seguinte lançaria The Future e, em 1994, Cohen Live, contendo registros de apresentações ao vivo entre os anos de 1988 e 1993.


Em 1994, consolidando a sua aproximação com o budismo, Cohen passa a viver no mosteiro de Mount Baldy Zen Center, próximo de Los Angeles. Em 1996, seria ordenado monge zen, e ganharia o nome Dharma de Jikan ("silencioso").

Nesse meio-tempo é lançado, em 1995, um outro disco-tributo, Tower of Songs, dessa vez com nomes mais conhecidos, como Elton John, Bono e Willie Nelson.

No mesmo ano é lançado o livro Dance Me to the End of Love, onde poesias suas são mescladas com pinturas do francês Henri Matisse.

Sua experiência no mosteiro iria até o ano de 1999, quando voltaria a morar em Los Angeles. Apesar disso, Cohen ainda se considera judeu, ressaltando que não procura "por uma nova religião".


Em 2001, lança Ten New Songs, seu primeiro disco de inéditas em sete anos, feito em parceria com Sharon Robinson. Em 2004 seria a vez de Dear Heather.

Em maio de 2006 é lançado o disco Blue Alert da cantora Anjani Thomas, sua namorada e ex-vocalista de sua banda de apoio. Cohen foi o produtor e co-autor de todas as faixas do disco.


Menos de um mês depois é lançado o aclamado documentário Leonard Cohen: I'm Your Man, onde relatos do cantor são intercalados com versões de suas músicas interpretadas por artistas como Rufus Wainwright e Nick Cave. No fim da película o próprio Cohen interpreta, junto ao U2, a música "Tower of Song".

domingo, 17 de julho de 2011

ÀS DUAS, EM PONTO, uma crônica de Jairo De Britto


Perguntado sobre qual seria, na sua opinião, o melhor livro, um grande escritor inglês
(conservador e de primeira linha), respondeu rápido: o Dicionário. E explicou:
"Nele estão contidos todos os livros do mundo"!

As chamadas frases de efeito, como as orações que não partem direto do coração
do crente, provocam sempre surpresa. Ou alguma reflexão sobre sua dubiedade,
quando atingem os ouvidos de alguns ou muitos homens.
Elas sempre trazem consigo suas próprias antíteses, a despeito de quão sábios, ou apenas bem humorados, sejam seus autores.
No que tange às orações 'cerebrais', acho que despertam em Deus apenas Sua imensa
Piedade.

Gostaria de saber que horas são. Com a mesma certeza, e a suave simplicidade, com que meu Amor sabe que “as cortinas são a roupa da casa”; com o seu mesmo sereno observar do homem (e do pai) que acompanha a progressiva iluminação da Cidade - à proporção que se aproxima o Natal.

Gostaria de recuperar, na crônica, a palavra 'Gratidão'. Substantivo que procuro aprender a aceitar e a exercitar como de “mão única”: devo sempre ser grato e nunca aguardar a mesma atitude de outrem. Simples (?) - e por tantos já bem dito!

Gostaria de saber que horas são. Com a exatidão das poucas certezas de que disponho
em mais de meio século de vida: embora necessário, e mesmo indispensável, é muito
difícil perdoar e gostar. Ou desejar o Bem àqueles que nos ofendem.
Mas, quando o fazemos, a sensação é sempre prazerosa! Ainda que indescritível em sua amplitude. Como acontece com o Amor, a Fé ou a Esperança...

São duas – a Mulher e a Menina, que se alternam ante meus olhos; que se misturam
quando se entregam; que se confundem quando dizem “Eu te amo”! Que, às vezes com
medo, porém enlevadas pela cumplicidade que o corpo e a beleza do singular alfabeto que seu amante arma e desarma, verte e inverte, perguntam-se:
Afinal, o quê ele faz? O que pretende da Vida?

São duas – a Mulher e a Menina, que ele ausculta enquanto é observado com amorosa
complacência; com enorme ternura e com quase infinitas dúvidas:
Qual é a sua profissão na Vida? Qual é a sua Profissão de Fé? À noite, em São Paulo ou Porto, ele trabalha? Ao fim e ao cabo, como ele perde ou ganha a Vida?

Neste ponto, recolhem-se e refletem sobre a inutilidade da Poesia, do Conto, da Novela, da Prosa Poética que ele, por exemplo, agora lhes oferece com as mãos limpas, fortes e francas.

Mãos tão francas quanto sua atroz e voraz autocrítica; quanto sua permanente melancolia;sua indisfarçável fome de Beleza. Aquela, que procura saciar caçando palavras, juntando frases em dunas que pairam sobre o alvoroço dos ventos e de seus cabelos negros, que anunciam fios de marfim.

São duas. Que não permitem aos outros sequer questioná-las sobre ele e seus afazeres. Quanto mais elas o observam, divisam - no raso horizonte de tantos papéis - um homem afeito a inutilidades; um homem entregue a letras fatais.

Um homem que se acredita sem qualidades e que luta com tal velocidade -- além do Fim,do Mar e da Luz –, que seus olhos o percebem apenas imóvel.Um homem que deixa, da boca, escapar somente um mantra azul – que as submete, fortalece e domina.

Gostaria de saber das horas exatas que antecedem o verão; das horas extras que precedem o coito de cada íntimo parágrafo. Mas, perdido enquanto trituro palavras afoitas, consigo apenas olhar a Cidade, ouvir seus tantos ruídos e rumores; sentir seus odores, velar suas noites de prazer e dor.

Sim, perdido enquanto mastigo palavras de uma língua estranha, driblando a sorte e a morte,caminho até a cozinha, cantarolando:

“Something on the way she loves me/Attracts me like no other lover/…”

Então, consigo ver a Mulher e a Menina zangadas - por saberem que ando a vasculhar o seu mais ousado, intenso e íntimo pensar. Mas, quando nossos lábios se aproximam; quando as aquieto em abraço, miro o relógio e, sem remorso ou desculpas, me entrego. Às duas, em ponto.


*Jairo De Britto,
em “Verdes Crônicas”

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fred Astaire

- Fred Astaire nome artístico de Frederick Austerlitz (Omaha, 10 de Maio de 1899 — Los Angeles, 22 de Junho de 1987) foi um ator e dançarino estado-unidense.-
Hoje 22 de junho, fazem 24 anos de sua morte.



Antes de Fred Astaire estrear no cinema, os dançarinos apareciam nos filmes apenas "em partes": os pés, as cabeças e os torsos eram compostos na sala de edição. Astaire, por sua vez, exigia ser filmado de corpo inteiro. Para isso eram necessários longos ensaios - certa vez chegou a três meses com dez horas diárias de trabalho, com repetições feitas passo a passo e movimentos de câmara acompanhando a coreografia. Em seus filmes, Astaire conseguiu dar nova emoção a dança, fosse ela banal ou repleta de tragicidade.Sua interpretação enriquecia-se pelo que James Cagney chamava de "o toque do vagabundo". Sempre trajado a rigor, seu charme tornou-se lendário.



Fez sua primeira apresentação no palco aos cinco anos com a irmã Adele, que o acompanhava em revistas musicais nos anos 1920, em Londres. Estreou no cinema em 1915, fazendo uma pequena ponta e em 1933 apareceu ao lado de Joan Crawford em Dancing lady. Nesse mesmo ano atuou no primeiro de uma série de dez filmes ao lado de Ginger Rogers. Os dois formavam uma parceria impecável (Ele dava classe a ela, ela dava sex-appeal a ele, explicou certa vez um diretor de estúdio). Hollywood tinha razão ao lhe conferir um Oscar especial em 1949, por sua contribuição à técnica dos musicais no cinema. Ginger Rogers, claro, foi quem lhe entregou o prêmio.



Em 1933 casou-se com Phyllis Potter, que morreu em 1954 com quem teve dois filhos, Fred e Ava. Ele deixou de ser dançarino em 1968 para passar a interpretar papéis dramáticos. Fora dos estúdios não gostava de dançar e dizia que as danças de salão o entediavam. Grande fã de corrida de cavalos, voltou a se casar em 1980 com a jóquei Robbin Smith, 35 anos mais nova que ele.

O arquiteto americano Frank O. Gehry projetou um edifício em Praga, República Tcheca, em homenagem ao casal Fred & Ginger. O edifício toma a forma do casal e parece mostrá-los em plena dança.



Filmografia

Dancing Lady (1933)
Flying Down to Rio (1933) (*)
The Gay Divorcee (1934) (*)
Roberta (1935) (*)
Top Hat (1935) (*)
Follow the Fleet (1936) (*)
Swing Time (1936) (*)
Shall We Dance (1937) (*)
A Damsel in Distress (1937)
Carefree (1938) (*)
The Story of Vernon and Irene Castle (1939) (*)
Broadway Melody of 1940 (1940)
Second Chorus (1940)
You'll Never Get Rich (1941)
Holiday Inn (filme) (1942)
You Were Never Lovelier (1942)
The Sky's the Limit (1943)
Yolanda and the Thief (1945)
Ziegfeld Follies (1946)
Blue Skies (1946)
Easter Parade (1948)
The Barkleys of Broadway (1949) (*)
Three Little Words (1950)
Let's Dance (1950)
Royal Wedding (1951)
The Belle of New York (1952)
The Band Wagon (1953)
Daddy Long Legs (1955)
Funny Face (1957)
Silk Stockings (1957)
On the Beach (1959)
The Pleasure of His Company (1961)
The Notorious Landlady (1962)
Finian's Rainbow (1968)
Midas Run (1969)
Just One More Time (1974)
That's Entertainment! (1974) (narrador)
The Towering Inferno (1974)
The Lion Roars Again (1975)
That's Entertainment, Part II (1976) (narrador)
The Amazing Dobermans (1976)
The Purple Taxi (1977)
Ghost Story (1981)
George Stevens: A Filmmaker's Journey (1985) (documentário)

(*) filmes com Ginger Rogers

Pesquisas:Internet, You Tube.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Camille Saint-Saëns


Camille Saint-Saëns (Paris, 9 de outubro de 1835 – Argel, 16 de dezembro de 1921)
Compositor, pianista e organista francês.
Seu pai morreu quando ele tinha apenas quatro meses de idade, e Camille foi criado pela mãe e por uma tia.

Como havia um piano na casa, aos dois anos e meio de idade o garoto já gostava de brincar com as teclas, e em pouquíssimo tempo já tocava pequenas melodias sem ter sido ensinado por ninguém. Sua mãe e sua tia lhe deram as primeiras lições de teoria musical.

Aos 7 anos de idade já escrevia pequenas peças. Recebeu lições de piano de Camille Stamaty e Alexandre Boëly, e harmonia de Pierre Maleden, e aos 10 anos já conseguia tocar algumas das peças mais difíceis de Mozart e Beethoven.

Apresentou-se em público pela primeira vez na Sala Pleyel, em Paris, a 6 de maio de 1846, sem ter completado ainda 11 anos de idade. Na ocasião, tocou o 3° concerto de Beethoven e o n° 15 de Mozart, para o qual escreveu sua própria cadência. Aos 13 anos de idade, entrou para o Conservatório de Paris, onde estudou órgão com Benoist, contraponto e fuga com Jacques Fromental Halévy.

Para auxiliar a família, tocava órgão na Igreja de St. Merry, e em 1857 obteve o cargo de organista na Igreja da Madeleine, cargo esse que ocuparia por 20 anos. Aos 25 anos já era famoso na Europa inteira como pianista e compositor, tendo escrito três sinfonias, um concerto para violino, um quinteto, peças de música sacra.

Travou amizade com Liszt, que, ao vê-lo improvisando ao órgão de Madeleine, classificou-o como "o maior organista do mundo".



Saint-Saëns conhecia música profundamente, familiarizado com as obras dos grandes compositores europeus antigos e modernos. Possuía uma vasta e sólida cultura em filosofia, ciência e literatura. Em astronomia chegou a alcançar verdadeira autoridade. Escreveu um livro de filosofia, Problèmes et Mystères, versos, uma comédia, e escreveu ele mesmo os libretos de várias de suas óperas.

Saint-Saëns gostava muito de viajar. Movido por impulsos súbitos, fazia excursões repentinas às partes mais distantes do planeta, dava-lhe prazer conhecer lugares exóticos.

Visitou a Espanha, as Canárias, o Ceilão, a Indochina, o Egito, esteve várias vezes na América. Deu concertos no Rio de Janeiro e em São Paulo em 1899, com a colaboração de Luigi Chiafarelli, uma figura de destaque no ambiente musical brasileiro. Visitou também San Francisco na Califórnia.

A morte veio colhê-lo numa cama de hotel em Argel, na Argélia, no dia 16 de dezembro de 1921. Acredito que agora chegou mesmo o meu fim, murmurou, e fechou os olhos para sempre. Já fazia tempo que este homem feliz desejava a morte secretamente.



A obra de Camille Saint-Saëns é imensa: sinfonias, concertos para piano e violino, peças para órgão, música vocal e instrumental, sacra e profana. Entre as peças mais conhecidas deste compositor, podemos citar: o Concerto para violino nº3 em si menor (op. 61), a Danse Macabre, Introdução e Rondò Capriccioso para violino e orquestra (uma peça extremamente brilhante para o violino), o Carnaval dos Animais.




Saint-Saëns compôs várias óperas, mas somente uma delas é tida pela posteridade como uma obra prima imortal: Samson et Dalila (Sansão e Dalila).

Uma amostra da riqueza de suas composições pode ser admirada nas telas de cinema: no primeiro dos filmes do porquinho Babe, o 4º e último movimento da Sinfonia nº3 "Órgào" serve de fundo para a cena do fazendeiro, que canta uma versão inglesa para a belíssima melodia, chamada "If I Had Words".



Pesquisa; Internet.

terça-feira, 7 de junho de 2011

OS POMBOS MORREM DE PÉ


Acaso não me tivessem chamado a atenção, eu jamais o teria notado. Era belo e se consumia na mais ampla serenidade.
De pé sobre o parapeito e suavemente encostado à parede da Academia Brasileira de Letras, o pombo da paz casava o frio de sua morte ao frio da tarde. Fria não somente por ser de julho, mas fria também e principalmente porque mais uma paz morrera nas ruas, como tantas outras que diariamente se esgotam pela indiferença dos homens.
Do baixo céu da tarde pendia um ar pesado trazendo a chuva fina que descia. Dessas frequentemente acontecidas durante o inverno no Rio, obrigando cada um a olhar para o chão e pensar nos seus problemas. 0 dia se abatia e machucava tudo - as árvores, as ruas, as pessoas. Era uma queda horizontal da tarde.
No parapeito - triste beiral sem vento - humilde como o chão, o pombo da paz era campo de aéreas gotas de chuva que mansamente Ihe pousavam nas penas sossegadas. E nos dava o exato motivo de pensar que ele lutara. De que aquela fora uma paz que suara para não deixar nunca de continuar se cumprindo.
De seus olhos imigrava um olhar gelado que perseguia o infinito e era puro como as alturas atingidas. Que alados caminhos espiavam agora os seus olhos de gelo? Teriam acaso outros telhados o seu tranquilo voejar, na intimidade serena das chaminés? Adejaria por quais lugares aquela paz, ali aos poucos se findando, de pé como uma estatua?
Os homens passavam embrulhados de espessa taciturnidade. Dirigiam-se todos de encontro à noite que os esperava quieta, escura sempre. Nos seus recessos talvez uma fuga ou alguma solução para os problemas da quotidiana angustia. A noite, os bares se enchem de nações que logo se desfazem quando os sonhos adormecem.
Morto, estranhamente em pé, continuava o pombo feito uma estátua da paz, que pela paz e sendo paz, em paz se consumia.

Ernesto Penafort

(A medida do azul. Manaus, Governo do Estado do Amazonas, 1982. Introdução de L. Ruas)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

RUBEM ALVES

[...]A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

(Rubem Alves)


Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, naquele tempo chamada de Dores da Boa Esperança. A cidade é conhecida pela serra imortalizada por Lamartine Babo e Francisco Alves na música "Serra da Boa Esperança".

A família mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1945, onde, apesar de matriculado em bom colégio, sofria com a chacota de seus colegas que não perdoavam seu sotaque mineiro. Buscou refúgio na religião, pois vivia solitário, sem amigos. Teve aulas de piano, mas não teve o mesmo desempenho de seu conterrâneo, Nelson Freire. Foi bem sucedido no estudo de teologia e iniciou sua carreira dentro de sua igreja como pastor em cidade do interior de Minas.

No período de 1953 a 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP), tendo se transferido para Lavras (MG), em 1958, onde exerce as funções de pastor naquela comunidade até 1963.

Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975). Foi ela sua musa inspiradora na feitura de contos infantis.

Em 1963 foi estudar em Nova York, retornando ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, torna-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.

Sua tese de doutoramento em teologia, “A Theology of Human Hope”, publicada em 1969 pela editora católica Corpus Books é, no seu entendimento, “um dos primeiros brotos daquilo que posteriormente recebeu o nome de Teoria da Libertação”.

De volta ao Brasil, por indicação do professor Paul Singer, conhecido economista, é contratado para dar aulas de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (SP).

Em 1971, foi professor-visitante no Union Theological Seminary.

Em 1973, transferiu-se para a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, como professor-adjunto na Faculdade de Educação.

No ano seguinte, 1974, ocupa o cargo de professor-titular de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na UNICAMP.

É nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 1979, professor livre-docente no IFCH daquela universidade. Convidado pela "Nobel Fundation", profere conferência intitulada "The Quest for Peace".

Na Universidade Estadual de Campinas foi eleito representante dos professores titulares junto ao Conselho Universitário, no período de 1980 a 1985, Diretor da Assessoria de Relações Internacionais de 1985 a 1988 e Diretor da Assessoria Especial para Assuntos de Ensino de 1983 a 1985.

No início da década de 80 torna-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise.

Em 1988, foi professor-visitante na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Posteriormente, a convite da "Rockefeller Fundation" fez "residência" no "Bellagio Study Center", Itália.

Na literatura e a poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos.

Afirma que é “psicanalista, embora heterodoxo”, pois nela reside o fato de que acredita que no mais profundo do inconsciente mora a beleza.

Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, onde deu vazão a seu amor pela cozinha. No local eram também ministrados cursos sobre cinema, pintura e literatura, além de contar com um ótimo trio com música ao vivo, sempre contando com “canjas” de alunos da Faculdade de Música da UNICAMP.

O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.



Bibliografia:

Crônicas

As contas de vidro e o fio de nylon, Editora Ars Poética (São Paulo)
Navegando, Editora Ars Poética (São Paulo)
Teologia do cotidiano, Editora Olho D'Água (São Paulo)
A festa de Maria, Editora Papirus (Campinas)
Cenas da vida, Editora Papirus (Campinas)
Concerto para corpo e alma, Editora Papirus (Campinas)
E aí? - Cartas aos adolescentes e a seus pais, Editora Papirus (Campinas)
O quarto do mistério, Editora Papirus (Campinas)
O retorno eterno, Editora Papirus (Campinas)
Sobre o tempo e a eterna idade, Editora Papirus (Campinas)
Tempus fugit, Editora Paulus (São Paulo)

Livros Infantis

A menina, a gaiola e a bicicleta, Editora Cia das Letrinhas (SP)
A boneca de pano, Edições Loyola (SP)
A loja de brinquedos, Edições Loyola (SP)
A menina e a pantera negra, Edições Loyola (SP)
A menina e o pássaro encantado, Edições Loyola (SP)
A pipa e a flor, Edições Loyola (SP)
A porquinha de rabo esticadinho, Edições Loyola (SP)
A toupeira que queria ver o cometa, Edições Loyola (SP)
Estórias de bichos, Edições Loyola (SP)
Lagartixas e dinossauros, Edições Loyola (SP)
O escorpião e a rã, Edições Loyola (SP)
O flautista mágico, Edições Loyola (SP)
O gambá que não sabia sorrir, Edições Loyola (SP)
O gato que gostava de cenouras, Edições Loyola (SP)
O país dos dedos gordos, Edições Loyola (SP)
A árvore e a aranha, Edições Paulus (SP)
A libélula e a tartaruga, Edições Paulus (SP)
A montanha encantada dos gansos selvagens, Edições Paulus (SP)
A operação de Lili, Edições Paulus (SP)
A planície e o abismo, Edições Paulus (SP)
A selva e o mar, Edições Paulus (SP)
A volta do pássaro encantado, Edições Paulus (SP)
Como nasceu a alegria, Edições Paulus (SP)
O medo da sementinha, Edições Paulus (SP)
Os Morangos, Edições Paulus (SP)
O passarinho engaiolado, Editora Papirus (Campinas)
Vuelve, Pájaro Encantado, Sansueta Ediciones SA (Madrid, España)

Filosofia da Ciência e da Educação

A alegria de ensinar, Editora Ars Poética (SP)
Conversas com quem gosta de ensinar, Editora Ars Poética (SP)
Estórias de quem gosta de ensinar, Editora Ars Poética (SP)
Filosofia da Ciência, Editora Ars Poética (SP)
Entre a ciência e a sapiência, Edições Loyola (SP)

Filosofia da Religião

O enigma da religião (Campinas, Papirus)
L' enigma della religione (Roma, Borla)
O que é religião? (S. Paulo, Brasiliense)
What is religion? (Maryknoll, Orbis)
Was ist religion? (Zurich, Pendo)
Protestantismo e Repressão (S. Paulo, Ática)
Protestantism and Repression (Maryknoll, Orbis)
Dogmatismo e Tolerância (S. Paulo, Paulinas)
O suspiro dos oprimidos (S. Paulo, Paulinas)

Biografias

Gandhi: A Magia dos gestos poéticos (S. Paulo/Campinas, Olho D'Água/Speculum)

Teologia

A Theology of Human Hope (Washington, Corpus Books)
Christianisme, opium ou liberation? (Paris, Éditions du Cerf)
Teologia della speranza umana (Brescia, Queriniana)
Da Esperança (Campinas, Papirus)
Tomorrow's child (New York, Harper & Row)
Hijos del manana (Salamanca, Siguime)
Il figlio dei Domani (Brescia, Queriniana)
Teologia como juego (Buenos Aires, Tierra Nueva)
Variações sobre a vida e a morte (São Paulo, Paulinas)
Creio na ressurreição do corpo (Rio de Janeiro, CEDI)
Ich glaube an die Auferstehung des Leibes (Dusseldorf, Patmos VERLAG)
I believe in the resurrection of the body (Philadelphia, Fortress Press)
Je crois en la résurrection du corps (Paris, Éditions du Cerf)
Poesia, Profecia, Magia (Rio de Janeiro, CEDI)
Der Wind blühet wo er will (Dusseldorf, Patmos)
Pai nosso (Rio de Janeiro, CEDI)
Vater Unser (Dusseldorf, Patmos)
The Poet, the Warrior, the Prophet (London, SCM Press)
Parole da Mangiari (The Poet, the Warrior, the Prophet), Edizioni Qiqajon Comunitá di Bose (Itália)




Dados extraídos de livros do autor e de sítios da Internet.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Walter Benedix Schönflies Benjamin


Walter Benedix Schönflies Benjamin (Berlim,Alemanha, 15 de julho de 1892 — Portbou,Catalunha, Espanha, 27 de setembro de 1940) foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão.

Walter Benjamin nasceu no seio de uma família judaica. Filho de Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses. Na adolescência Benjamin, perfilhando ideais socialistas, participou no Movimento da Juventude Livre Alemã, colaborando na revista do movimento. Nesta época nota-se uma nítida influência de Nietzsche em suas leituras.

Em 1915, conhece Gerschom Gerhard Scholem de quem se torna muito próximo, quer pelo gosto comum pela arte, quer pela religião judaica que estudavam.

Em 1919 defende tese de doutorado, A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada e recomendada para publicação.

Em 1925, Benjamin constatou que a porta da vida acadêmica estava fechada para sí, tendo a sua tese de livre-docência Origem do Drama Barroco Alemão sido rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt.

Nos últimos anos da década de 1920 o filósofo judeu interessa-se pelo marxismo, e juntamente com o seu companheiro de então, Theodor Adorno, aproxima-se da filosofia de Georg Lukács. Por esta altura e nos anos seguintes publica resenhas e traduções que lhe trariam reconhecimento como crítico literário, entre elas as séries sobre Charles Baudelaire.

Refugiou-se na Itália, de 1934 a 1935. Neste momento cresciam as tensões entre Benjamin e o Instituto para Pesquisas Sociais, associado ao que ficou conhecida como Escola de Frankfurt, da qual Benjamin foi mais um inspirador do que um membro.

Em 1940, ano da sua morte, Benjamin escreve a sua última obra, considerada por alguns como o mais importante texto revolucionário desde Marx; por outros, como um retrocesso no pensamento benjaminiano: as Teses Sobre o Conceito de História.

A sua morte, desde sempre envolta em mistério, teria ocorrido durante a tentativa de fuga através dos Pirenéus, quando, em Portbou, temendo ser entregue à Gestapo, teria cometido o suicídio.


SUAS IDÉIAS

Benjamin tinha seu ensaio “A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica” na conta de primeira grande teoria materialista da arte. O ponto central desse estudo encontra-se na análise das causas e conseqüências da destruição da “aura” que envolve as obras de arte, enquanto objetos individualizados e únicos. Com o progresso das técnicas de reprodução, sobretudo do cinema, a aura, dissolvendo-se nas várias reproduções do original, destituiria a obra de arte de seu status de raridade. Para Benjamin, a partir do momento em que a obra fica excluída da atmosfera aristocrática e religiosa, que fazem dela uma coisa para poucos e um objeto de culto, a dissolução da aura atinge dimensões sociais. Essas dimensões seriam resultantes da estreita relação existente entre as transformações técnicas da sociedade e as modificações da percepção estética. A perda da aura e as conseqüências sociais resultantes desse fato são particularmente sensíveis no cinema, no qual a reprodução de uma obra de arte carrega consigo a possibilidade de uma radical mudança qualitativa na relação das massas com a arte. Embora o cinema, diz Walter Benjamin, exija o uso de toda a personalidade viva do homem, este priva-se de sua aura. Se, no teatro, a aura de um Macbeth, por exemplo, liga-se indissoluvelmente à aura do ator que o representa, tal como essa aura é sentida pelo público, fico, o mesmo não acontece no cinema, no qual a aura dos intérpretes desaparece com a substituição do público pelo aparelho. Na medida em que o ator se torna acessório da cena, não é raro que os próprios acessórios desempenhem o papel de atores.
Benjamin considera ainda que a natureza vista pelos olhos difere da natureza vista pela câmara, e esta, ao substituir o espaço onde o homem age conscientemente por outro onde sua ação é inconsciente, possibilita a experiência do inconsciente visual, do mesmo modo que a prática psicanalítica possibilita a experiência do inconsciente instintivo. Exibindo, assim, a reciprocidade de ação entre a matéria e o homem, o cinema seria de grande valia para um pensamento materialista. Adaptado adequadamente ao proletariado que se prepararia para tomar o poder, o cinema tornar-se-ia, em conseqüência, portador de uma extraordinária esperança histórica. Em suma, a análise de Benjamin mostra que as técnicas de reprodução das obras de arte, provocando a queda da aura, promovem a liquidação do elemento tradicional da herança cultural; mas, por outro lado, esse processo contém um germe positivo, na medida em que possibilita um outro relacionamento das massas com a arte, dotando-as de um instrumento eficaz de renovação das estruturas sociais. Trata-se de uma postura otimista, que foi objeto de reflexão crítica por parte de Adorno.

Atualmente a obra de Benjamin exerce grande influência no editor e tradutor de suas obras em italiano, Giorgio Agamben, sobretudo acerca do conceito de Estado de exceção.


Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi fortemente inspirado tanto por autores marxistas, como Georg Lukács e Bertolt Brecht, como pelo místico judaico Gerschom Scholem. Conhecedor profundo da língua e cultura francesas, traduziu para alemão importantes obras como Quadros Parisienses de Charles Baudelaire e Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust. O seu trabalho, combinando ideias aparentemente antagónicas do idealismo alemão, do materialismo dialético e do misticismo judaico, constitui um contributo original para a teoria estética. Entre as suas obras mais conhecidas, contam-se A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica (1936), Teses Sobre o Conceito de História (1940) e a monumental e inacabada Paris, Capital do século XIX, enquanto A Tarefa do Tradutor constitui referência incontornável dos estudos literários.


Passages: The memorial to Benjamin, in Portbou, Spain.


"Se ao Mundo Predissesses teu Morrer"

Se ao mundo predissesses teu morrer
na morte a natureza ir-te-ia à frente
volvendo com mandado intransigente
no eterno esquecimento o próprio ser

O céu se rosaria docemente
por do teu corpo a roupa enfim descer
florestas tingiria o teu sofrer
de negro e a noite o mar barca silente

Luto sem nome com estrelas mede
a estela ao teu olhar no arco celeste
e a escuridão de espesso muro impede

que a luz da nova primavera preste
A estação vê nos astros que pararam
as cisternas que a morte te espelharam.

Walter Benjamin,
in "Sonetos"
Tradução de Vasco Graça Moura