Todos aqueles que refletiram sobre os vínculos que unem o homem aos outros homens, não se cansaram de afirmar que é o homem um ser gremial, disposto pela sua índole biopsíquica e espiritual a viver em conjuntos que o ultrapassam.
Esta vida que ultrapassa o homem e somente na qual ele se conhece, define, desenvolve e exalta, é a vida cultural em toda a sua amplitude, a esfera do espirito objetivo.
Como reconheceu Hölderlin, «nós, os homens, somos um diálogo», isto é, existimos num diálogo e antes mesmo de despontarmos para a nossa consciência particular já estamos envoltos nesse colóquio ilimitado.
Apreendemo-nos, sentimo-nos dentro dos quadros dessas formas simbólicas e lingüísticas intersubjetivas e é esse discurso social que faz surgir o mundo como se nos apresenta.
Disto já podemos concluir de que maneira radicada e profunda o «outro» está impresso em nós mesmos, em que medida o nosso existir é antes um coexistir; ao vivermos particularmente, vivemos conteúdos universais.
Essa dependência que nos vincula à vida social tem um alcance muito maior do que uma simples satisfação de necessidades econômicas e materiais.
O homem não se basta a si mesmo não só em sentido físico, como também em sentido metafísico, isto porque a autocompreensão de seus fins, propósitos, ideais, valores e empreendimentos postula uma ordem de vigências sociais que condiciona todas as tarefas particulares.
Vicente Ferreira da Silva
(Filosofo Brasileiro -1916-1963-)
(Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofía (Mendoza 1949), Universidad Nacional de Córdoba, Buenos Aires 1950, tomo III, págs. 1863-1866.)
(Sesiones: XI. Filosofía del derecho y la política.)
Esta vida que ultrapassa o homem e somente na qual ele se conhece, define, desenvolve e exalta, é a vida cultural em toda a sua amplitude, a esfera do espirito objetivo.
Como reconheceu Hölderlin, «nós, os homens, somos um diálogo», isto é, existimos num diálogo e antes mesmo de despontarmos para a nossa consciência particular já estamos envoltos nesse colóquio ilimitado.
Apreendemo-nos, sentimo-nos dentro dos quadros dessas formas simbólicas e lingüísticas intersubjetivas e é esse discurso social que faz surgir o mundo como se nos apresenta.
Disto já podemos concluir de que maneira radicada e profunda o «outro» está impresso em nós mesmos, em que medida o nosso existir é antes um coexistir; ao vivermos particularmente, vivemos conteúdos universais.
Essa dependência que nos vincula à vida social tem um alcance muito maior do que uma simples satisfação de necessidades econômicas e materiais.
O homem não se basta a si mesmo não só em sentido físico, como também em sentido metafísico, isto porque a autocompreensão de seus fins, propósitos, ideais, valores e empreendimentos postula uma ordem de vigências sociais que condiciona todas as tarefas particulares.
Vicente Ferreira da Silva
(Filosofo Brasileiro -1916-1963-)
(Actas del Primer Congreso Nacional de Filosofía (Mendoza 1949), Universidad Nacional de Córdoba, Buenos Aires 1950, tomo III, págs. 1863-1866.)
(Sesiones: XI. Filosofía del derecho y la política.)