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terça-feira, 17 de março de 2009

SYLVIA ORTHOF



Sylvia Orthof nasceu no Rio de Janeiro em 1932, e ali mesmo faleceu em 1997.
Adorava ser carioca.

Estudou teatro, mímica e desenho em Paris e ao regressar para o Brasil, fez de tudo nas artes dramáticas: escreveu, dirigiu, fez cenários e figurinos e tantas outras atividades.

Enquanto se dedicava de corpo e alma ao teatro, Ruth Rocha a convidou e a convenceu a escrever textos infantis. No começo, ela achou que não iria conseguir, mas que nada! Pegou gosto e escreveu mais de 120 livros. Muitos deles foram premiados com prêmios importantíssimos, inclusive o Jabuti.



Filha de um casal de judeus austríacos que deixou Viena entre as duas guerras, para buscar paz e trabalho.
Filha única de imigrantes pobres, teve uma infância difícil. Aprendeu a falar primeiro alemão e falava português com sotaque e errado até a idade escolar.
Aos 18 anos, foi estudar teatro em Paris. Um ano depois, voltou ao Brasil e trabalhou como atriz no Teatro Brasileiro de Comédias, em São Paulo (o TBC), e, no Rio, atuou com grandes nomes do teatro e da TV.
Escritora muito amada, com a sua irreverência poética inesquecível, publicou mais de 100 livros para crianças e jovens e teve 13 títulos premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil com o selo Altamente Recomendável para Crianças.
Sylvia morreu em 1997, mas até hoje exerce grande influência sobre um grande número de autores infantis.

Entrar numa história de Sylvia Orthof é encher os olhos de susto, mas não um susto de tremer perna ou bater queixo.
O susto que as histórias de Sylvia dão na gente são carregados de perplexidade, arregalam a gente por dentro, dão largura no pensamento.



Ganhadora do Prêmio Jabuti, por A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda (1997),
Sylvia teve vários trabalhos adaptados para o teatro e quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso, provocação e arrepio.
Afinal, a criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos.
Como ela mesma já disse, as histórias clássicas da literatura infantil sempre tiveram um ponto de vista muito machista. “Ninguém pergunta à Cinderela se ela quer casar com o príncipe.
Mas, ao mesmo tempo, a autora defendia a leitura dos contos tradicionais,
desde que houvesse uma reflexão.
“Se Chapeuzinho Vermelho tem tanta força até hoje, é porque tem o seu valor.
Só precisamos tomar cuidado para não apresentarmos essas histórias com
uma mensagem moralista.
Vamos discutir um pouco. Por que não podemos sair do caminho e procurar
um atalho na vida? Será que em todo lugar há um lobo?
E será que devemos ter tanto medo dos lobos?”, questionava.



Além de questionar velhos conceitos, Sylvia Orthof sempre vivia do modo como escrevia: espalhando encantamento por onde passava.
Autora de um dos maiores clássicos da literatura infantil brasileira, Uxa, Ora Fada, Ora Bruxa (1985), que mostra, com estilo único, os dois lados de todos nós, Sylvia era apaixonada por jardins e flores. Aliás, a sua favorita era a Maria sem Vergonha. “Gosto muito dessa flor. Lá em casa, temos uma escada, no jardim.
E as flores não quiseram nascer no canteiro. Não foram exatamente as marias, mas também são sem vergonha. Elas nasceram por entre as pedras do muro. Sempre assim. Nascem nos lugares mais impossíveis.
Aí um rapaz queria cortá-las das pedras, mas eu reagi: - Não faça isso.
Elas lutaram tanto por esse lugar”, disse Sylvia, numa entrevista.
E acrescentou: “O jardim é uma coisa que precisa de atenção, como os livros.
Mas não gosto daqueles jardins muito cuidados.
Podados demais. As plantas, como as histórias, têm direito de espreguiçar onde quiserem”. E as histórias da Sylvia continuam espreguiçando, ou melhor, continuam despertando leitores de toda idade.



Fontes:
Rosa Amanda Strausz
E Netlog

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