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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Um poema e suas traduções.



'SOLITÁRIO QUAL NUVEM VAGUEI'

Solitário qual nuvem vaguei
Pairando sobre vales e prados,
De repente a multidão avistei
Miríade de narcisos dourados;
Junto ao lago, e árvores em movimento,
Tremulando e dançando sob o vento.

Contínua qual estrelas brilhando
Na Via Láctea em eterno cintilar,
A fila infinita ia se alongando
Pelas margens da baía a rondar:
Dez mil eu vislumbrei num só olhar
Balançando as cabeças a dançar.

As ondas também dançavam neste instante
Mas nelas via-se maior a alegria;
Um poeta só podia estar exultante
Frente a tão jubilosa companhia:
Olhei – e olhei – mas pouco sabia
Da riqueza que tal cena me trazia.

pois quando me deito num torpor,
Estado de vaga suspensão,
Eles refulgem em meu olho interior
Que é para a solitude uma bênção;
Então meu coração começa a se alegrar,
E com os narcisos põe-se a bailar


William Wordsworth
in 'O olho Imóvel Pela Força da Harmonia'
Tradução de Alberto Marsicano.




'EU VAGAVA QUAL NUVEM FLUTUANDO'


Eu vagava qual nuvem flutuando
Por sobre o vale e o monte em solidão,
Quando vi de repente uma hoste, um bando
De narcisos dourados pelo chão,
Junto ao lago, debaixo da ramagem,
A adejar e a dançar à doce aragem.

Em linha como a que de noite brilha
E pisca na Via Láctea, se estendia
Sua contínua e interminável trilha
Nas margens ao redor de uma baía:
Dez mil eu vi, em dança desvairada,
Balançando as cabeças sem parada.

A água também dançava; não obstante,
Eles a superavam na alegria ...
Um poeta só podia estar radiante
Naquela tão jucunda companhia.
Olhei e olhei ... mas sem imaginar
Que tesouro ganhara em tal lugar:

Porque quando, vazio e cismador,
Repouso no divã, eis que amiúde
Fulgem eles naquele olho interior
Que a solidão é beatitude;
E então minha alma se abre em mil sorrisos,
E se põe a dançar com os narcisos.


William Wordsworth
in 'Poesia Selecionada'
Tradução Paulo Vizioli




'Vagueava só como uma nuvem...'


Como nuvem eu vogava,
passando montes e prados,
quando súbito avistava
narcisos mil e dourados,
junto ao lago, na floresta,
dançando na brisa lesta.


Contínuos como as estrelas
na Estrada de Santiago,
infindos se alongam pelas
curvas margens desse lago.
E as cabeças sacudiam
no dançar em que existiam.
As ondas também dançavam:
em menos viva folia.
Que poetas recusavam
tão alegre companhia?


Olhei, e olhei, sem pensar
estar vendo coisas sem par.
Que às vezes, quando me afundo
em vácua ou tensa vontade,
eles brilham no olhar profundo
que é bênção da soledade,
e o coração se me enflora,
e dança com eles agora.

William Wordsworth
Tradução encontrada em um blogger chamado 'O Inferno'

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