A chuva, no pátio em que a olho cair, desce em andamentos muito diversos. No centro, é uma fina cortina (ou rede) descontínua, uma queda implacável mas relativamente lenta de gotas provavelmente bastante leves, uma precipitação sempiterna sem vigor, uma fração intensa do meteoro puro. A pouca distância das paredes da direita e da esquerda caem com mais ruído gotas mais pesadas, individuadas. Aqui parecem do tamanho de um grão de trigo, lá de uma ervilha, adiante quase de uma bola de gude. Sobre o rebordo, sobre o parapeito da janela a chuva corre horizontalmente ao passo que na face inferior dos mesmos obstáculos ela se suspende em balas convexas. Seguindo toda a superfície de um pequeno teto de zinco abarcado pelo olhar, ela corre em camada muito fina, ondeada por causa de correntes muito variadas devido a imperceptíveis ondulações e bossas da cobertura. Da calha contígua onde escoa com a contenção de um riacho fundo sem grande declive, cai de repente em um filete perfeitamente vertical, grosseiramente entrançado, até o solo, onde se rompe e espirra em agulhetas brilhantes. Cada uma de suas formas tem um andamento particular; a cada uma corresponde um ruído particular. O todo vive com intensidade, como um mecanismo complicado, tão preciso quanto casual, como uma relojoaria cuja mola é o peso de uma dada massa de vapor em precipitação. O repique no solo dos filetes verticais, o gluglu das calhas, as minúsculas batidas de gongo se multiplicam e ressoam ao mesmo tempo em um concerto sem monotonia, não sem delicadeza. Quando a mola se distende, certas engrenagens por algum tempo continuam a funcionar, cada vez mais lentamente, depois toda a maquinaria pára. Então, se o sol reaparece, tudo logo se desfaz, o brilhante aparelho evapora: choveu.
Francis Jean Gaston Alfred Ponge (Montpellier, France, 27 March 1899 - 6 August 1988) (Trad: Júlio Castañon Guimarães)
Poemas selecionados do blogger 'Meus poemas favoritos'.Uma seleção e formatação de Regina Helena.
Todos E-Books aqui presentes, foram um presente da minha especial amiga, escritora e webdesign, Regina Helena, a quem agradeço de todo coração. Suplico a Deus que esteja sempre com ela, principalmente nessas horas tão sensíveis que vem enfrentando... Que o Senhor sempre esteja contigo e ilumine os caminhos que deves percorrer.
Trechos no notável escritor Gabriel García Márques, nascido em Aracataca, Colômbia, 06/03/1927. Ganhador do Premio Nobel de Literatura em 1982.Vive atualmente em Cuba. Formatação de Regina Helena.
E-Book, formatado pela amiga Regina Helena, uma verdadeira designer em arte para bloggers, livros on-line etc... Clique na pontinha do livros para ler os poemas. (Aceita encomendas)
Se for consultar o psicanalista, confio em Deus que ele permita que se sente também ao nosso lado um dermatologista, pois sinto que tenho cicatrizes nas mãos por tocar em certas pessoas. E por mais que penso o quanto mudei, não sou outra pessoa, sou eu, cada vez mais eu, cada vez mais perto da última personagem que na tela das minhas memórias irá surgir a seu tempo, vinda do nada, renascida do meio de tudo...
J.D. Salinger (Manhattan,New York, January 1, 1919 – January 27, 2010)